segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quanto custa um filho?

Por Marcelo Guterman (engenheiro de produção pela Escola Politécnica da USP, analista financeiro certificado pelo CFA - Instituto de Virgínia - EUA, professor do IBMEC e executivo do mercado financeiro há quinze anos.)

Gostaria de começar chamando a atenção para o contexto que a relação entre as pessoas e o dinheiro, entre a família e o dinheiro, tem nos dias de hoje. Vivemos num mercado de consumo de massas. Antes da Revolução Industrial, o que tínhamos era algo muito artesanal. Quer dizer: quando as pessoas precisavam de alguma coisa – uma camisa, por exemplo – encomendavam-na a um artesão. Depois da Revolução Industrial, e principalmente no século XX, surgiram as grandes plantas industriais que produzem coisas padronizadas o tempo inteiro para que as pessoas comprem. Bom, as indústrias consomem investimentos muito grandes. Então, é preciso que vendam grandes quantidades dos seus produtos. Como fazer que as pessoas comprem os produtos? É preciso convencê-las de que precisam deles. E aí que entra a publicidade de massa. Se você não compra a TV de plasma da última geração, você está fora do mercado de consumo, não é ninguém. Principalmente se o seu vizinho já tem uma. Aí a casa caiu... você está fora. O consumo virou o principal valor do homem contemporâneo. Quem pode consumir é alguém, quem não pode consumir não é ninguém. É com esse contexto em mente que eu desejo desenvolver este tema.
Um filho custa quanto você quiser que ele custe. Na verdade, o filho custa tudo o que a gente tem. Não tem um valor fixo. Pode custar um milhão de dólares se você quiser mandá-lo estudar com o Harry Potter em Hogwarts. Por outro lado, em famílias mais simples, mais humildes, um filho dá até lucro: às vezes, ajudam nos trabalhos da casa ou trabalham fora. Assim, "quanto custa um filho?" é uma pergunta muito genérica. Queria chamar a atenção para algumas nuances desta questão. Às vezes, aparecem em algumas revistas reportagens dizendo: "Um filho custa quinhentos mil reais", "Um filho custa um milhão de reais", "dois milhões de reais"... A pessoa olha o número, olha o seu salário e fala: "Bom, não vai dar. É melhor nem tentar". Não podemos deixar-nos levar por este tipo de estatística, porque nos induzem a comparar o gasto de uma vida inteira com o nosso salário mensal. Não faz muito sentido. Vale o mesmo para o contrário. A propaganda de um automóvel de luxo dizia assim: "Com cinqüenta reais por dia, você consegue comprar este automóvel". "Cinqüenta reais por dia é pouco", pensamos. E na verdade, é muito. De maneira que esse tipo de comparação não faz muito sentido.
Outra coisa que vale ressaltar – e agora falo mais como pai de sete filhos do que como professor de finanças – é que a conta não é proporcional: se um filho custa x, dois filhos não custam 2x, nem três filhos custam 3x, e assim por diante. A conta não é assim; existe um ganho de escala, existem descontos nas escolas, as roupas passam de um filho para outro. É muito comum eu ir a restaurantes com os meus filhos e negociar com o maître antes de fazer o pedido: "Olha, quanto você faz para a gente?" E o preço acaba saindo o mesmo que um almoço para uma família com três filhos. Depois, é preciso ter em conta que gastos estão inseridos no custo de um filho. Claro, educação, casa, comida, roupa lavada. Essas coisas, óbvio, são obrigações dos pais. Agora, será que se deve incluir um automóvel? Será que se deve incluir um apartamento nesse custo? Até que ponto os pais têm de prover tudo para os filhos?
Na verdade, é preciso ter muito cuidado com essa história de pai provedor. Vemos hoje homens e mulheres de trinta, trinta e cinco, quarenta anos, vivendo com os pais. Não aprenderam a voar sozinhos. Conheço o caso de uma pessoa que se separou depois de menos de um ano de casamento. Tinha apartamento, carro e todos os seus gastos eram pagos pelos pais. Mesmo assim, separou-se. Depois, veio a revelar-me: "Faltou o desafio, aquele projeto em comum do casal que cresce junto, que conquista as coisas". Isso os pais provedores não deixam o filho fazer.
Outro ponto quente no que diz respeito aos gastos com os filhos é a educação. "Puxa, a educação é muito cara, é muito caro educar um filho hoje em dia", reclamam muitos pais. É preciso tomar cuidado também com isso, porque muitas vezes achamos que temos de matricular os nossos filhos em curso de balé, judô, Tai Chi Chuan, inglês, espanhol, francês e ainda canto e violão. A criança acaba tornando-se um pequeno executivo, um executivo mirim: apenas cinco anos de idade e a agenda repleta de atividades. E os pais acham que com isto estão educando os filhos. Na verdade, estão investindo no lado técnico enquanto o lado humano fica esquecido.
Por isso, a palavra-chave para a pergunta "Quanto custa um filho?" é austeridade, educar os filhos na austeridade. Se não têm tudo, terão de conquistar o seu espaço, terão de conquistar aquilo que querem na vida. É isso.
Os pais fazem isso porque querem o melhor para os filhos: que tenham um ótimo casamento, saúde, uma vida tranqüila economicamente falando. Por isso, acho que muita gente tem a seguinte dúvida: até que ponto os pais podem aconselhar os filhos a respeito da carreira profissional a seguir? Porque geralmente queremos para eles a carreira que dê mais dinheiro. Até que ponto os pais podem entrar nesse assunto? Esta é uma pergunta bastante adequada porque tem até pai que treina o filho para ser jogador de futebol. Aquele sonho... E o que ocorre é o seguinte: os profissionais estão distribuídos em forma de pirâmide dentro da sua área de atuação. Quer dizer, há sempre um grupo no topo que é bem remunerado. Jogador de futebol, por exemplo, ganha bem? Ganha. O Ronaldinho ganha, o Robinho ganha. Mas quantos jogadores de futebol no Brasil que ganham mais do que mil reais por mês? Pouquíssimos. Assim também, a maioria dos professores ganha mal. Mas há professores que ganham bem, como os professores de Cursinho e os donos de escola – que são professores também. Toda a profissão, se bem executada, se a pessoa tem o dom para aquilo, pode levar à realização pessoal e ao sucesso financeiro. Os pais, claro, devem orientar os filhos na hora de escolher uma profissão, mas não devem ter em conta só aquelas que dão mais dinheiro e sim as mais adequadas às características de cada filho. O dinheiro não pode ser o fator principal.
Nossos filhos sofrem uma influência muito grande desta nossa sociedade de consumo. Pedem o tempo todo que compremos os brinquedos, os mais diversificados possíveis, roupas de grife. É comum ver crianças de dez, doze anos com celulares. E isso é uma coisa preocupante. Como educar os nossos filhos nesse campo? Diria que o problema do consumismo e do consumo de grifes é um problema dos pais, não das crianças. Os pais gostam de grifes. Muitas vezes, os pais gostam de vestir os filhos com grifes para mostrar aos vizinhos e parentes que podem vestir os filhos com roupas caras. O avô ou a avó gostam de comprar brinquedos caros para os netos, que na verdade nem ligam para eles. É por isso que o problema do consumismo é dos pais. As crianças que crescem num ambiente consumista acabam por dar importância a isso. Logo, a educação para o consumo tem de começar desde o início, o mais cedo possível. Mas também não vamos demonizar as grifes. Muitas vezes, as grifes são sinônimo de produtos de qualidade. A chave aqui é o custo-benefício. Muitas vezes, vale a pena pagar um pouquinho mais por um produto de uma marca famosa. Porque, fria e objetivamente, tem mais qualidade do que um sem marca. Vai durar mais e, portanto, vale a pena comprá-lo. A questão do celular é moda. O celular virou o brinquedinho caro das crianças. É na verdade um vídeo game que pode mandar torpedos. É necessário analisar se as crianças realmente precisam de celular e para que precisam dele. Será que não é um brinquedo caro demais? Talvez uma forma de educar para o consumo seja ter uma só TV em casa, por exemplo. Seria interessante que cada família tivesse apenas uma TV em casa. E que ela fosse, vamos dizer assim, um evento, algo pouco usado. Não um ruído de fundo que impede o diálogo, ficando ligada o dia inteiro, durante o jantar, o almoço, etc. "Ah, mas como é que eu vou conseguir ver a novela e o meu marido o futebol" (ou vice-versa, porque hoje a mulher gosta de futebol e o marido de novela). Negocie. As crianças têm que aprender a negociar também. O problema do consumismo parece-me muito mais um problema de formação humana. As pessoas devem ter consciência daquilo que valem. Devem ter consciência de que não valem um objeto, de que não precisam trocar as suas vidas por um objeto, de que podem ser mais do que aquilo que têm. O problema do consumismo está mais dentro da cabeça das pessoas do que nos sistemas que as rodeiam.
A maior riqueza que um pai pode dar aos filhos é o ensino religioso? Sem dúvida. Eu acrescentaria que, ao lado do ensino religioso formal, está o exemplo nas virtudes. Os pais são insubstituíveis na tarefa de formar os seus filhos nas virtudes. E a virtude de consumir bem, a virtude da austeridade, da temperança, é uma das principais. Assim, o ensino religioso e a formação humana andam juntos, e são sem dúvida nenhuma o maior tesouro que os pais podem dar aos filhos.
Como educar bem os filhos do ponto de vista financeiro? Gastar bem o dinheiro é uma lacuna na formação que se dá nas escolas. Aprende-se física, biologia e outras coisas muito interessantes e muito úteis, mas não se aprendem noções de economia. Ninguém ensina, por exemplo, como funciona um cheque, como funciona o Banco Central, como é que se faz um orçamento; e essas são coisas que as pessoas vão utilizar no dia-a-dia. Como podem os pais preencher essa lacuna? A mesada é um instrumento possível. Com a mesada, os filhos aprendem desde cedo que o dinheiro é limitado e que, portanto, têm que fazer escolhas na hora de gastá-lo. Se compraram uma coisa, não podem comprar outra. Aprendem o que é poupança e o que é dívida. E aprendem na prática. Por exemplo, quando o filho gasta mais do que tem e pede aos pais que lhe adiantem a mesada, estes têm que dizer "não" e deixar que o menino sofra as conseqüências dos seus atos. Também é possível educar os filhos na austeridade fazendo compras no supermercado. Ir ao supermercado pode ser uma lição de consumo, contanto que os pais saibam controlar-se. Os pais podem fazer um contrato com os filhos. Podem dizer-lhes, por exemplo: "Ouçam, vamos ao supermercado e cada um vai poder gastar cinco reais em produtos. Este é o contrato". Com isso, os filhos começam a notar que precisam fazer escolhas: "Eu queria esse iogurte, mas se levá-lo vou ter que deixar o biscoito. O que escolher?" As crianças também aprendem quando vêem os pais fazendo contas na hora de comprar: "Será que este produto vale mais que esse aí?", pensam. E assim elas vão ganhando sensibilidade no gasto do dinheiro. Mas compreendam: é indispensável que os pais tenham essas virtudes.
Qual é o número ideal de filhos? Quanto custa criar três filhos? Qual a renda que os pais devem ter para criá-los num padrão de classe média alta? Cada um tem lá as suas prioridades. Tenho sete filhos e não vou dizer quanto gasto para que depois os meus filhos não me venham com cobranças lá em casa. Quanto custa criar três filhos num padrão de classe média alta? Certamente, você sabe. Todos os pais sabem quanto custa um filho, quanto custa uma boa escola, quanto custam as roupas. Mas isso não é o que realmente importa; o importante é que você tenha o número de filhos que a sua generosidade permita. Este é o ponto. Sempre cabe mais um. Podemos ser obrigados a renunciar a certos confortos? Sim, mas o que é a vida senão um conjunto de renúncias? Estamos todo tempo a renunciar. Se não aprendemos a abnegação em casa, vamos aprender depois na marra, na rua, da pior maneira possível. O lar é onde a gente aprende isso da maneira mais fácil. E ser generoso no número de filhos ajuda bastante.
Devo informar ao meu filho qual é o seu custo mensal? Qual é a idade ideal para isso? Será que o filho deve saber quanto custa? A partir de uma determinada idade, sim: quando o filho começa a entrar na adolescência, por volta dos doze anos de idade, e já começa a ter noção do preço das coisas. É interessante, por exemplo, que saiba quanto custa a sua escola, para que se sinta mais responsável e seja mais esforçado. É bom que o filho vá a uma loja e saiba quanto custa uma roupa. Sem dúvida, é preciso que os filhos, numa idade mais perto da adolescência, saibam quanto custam.
Até que ponto um pai deve sacrificar o tempo de dedicação aos filhos para pagar as contas do seu custo? É uma escolha dura. Às vezes, os pais sentem-se culpados por não poderem dedicar aos filhos o tempo que gostariam, porque trabalham demais justamente para lhes dar a educação formal que acham necessária para que tenham sucesso, ganhem dinheiro e, depois, sacrifiquem as suas vidas para criarem os seus próprios filhos da mesma maneira, num ciclo que não faz muito sentido. Então, efetivamente, é preciso balancear essas coisas. Sim, é preciso ganhar dinheiro. Mas, se chegamos ao ponto de sacrificar a essa tarefa o tempo dos nossos filhos, é preciso parar para pensar. Pode não valer a pena. Pode valer a pena ganhar menos e conviver mais com as crianças.
É conveniente que o casal tenha uma conta conjunta ou cada um deve cuidar do seu próprio dinheiro em contas individuais? Muita gente diz que as contas separadas são melhores, porque permitem que cada um controle mais os seus gastos. E aquele que passar dos limites arca sozinho com as conseqüências, enquanto o outro fica tranqüilo. Só que na prática não é isso o que acontece. Mesmo com contas separadas, os gastos de um cônjuge sempre vão acabar respingando no outro. Obviamente, existem casais muito felizes com contas separadas. Mas tenho para mim que a conta conjunta reflete mais a essência do casamento. O que é o casamento? É a fusão de duas pessoas. Manter contas separadas dá a impressão de que os noivos casaram pensando o seguinte: "Conta conjunta? Melhor não. Prefiro manter a minha independência" . Bom, então que tipo de casamento é esse? Há também a reclamação: "Ah!, mas conta conjunta causa muita briga, porque um gasta muito, o outro gasta pouco"... Na verdade, o problema não está na conta bancária. O problema está na falta de harmonia do casal, que acaba refletida na sua vida financeira. Não é o dinheiro que atrapalha a harmonia do casal. Por fim, o controle da conta deve ser feito pelo cônjuge mais controlado, mais organizado; pode ser a mulher ou o marido, tanto faz.
Qual a idade ideal para começar a dar mesada e qual o valor inicial? Os filhos começam a pedir dinheiro logo que começam a querer aquelas coisas próprias das crianças, doces, lanches, figurinhas, etc. Principalmente, quando têm irmãos mais velhos, porque já sabem que existe esse negócio de mesada. Quando a criança é o filho ou a filha mais velha, começa a perceber que as coisas custam dinheiro por volta dos sete anos de idade. Então, já podemos dar-lhe algum dinheiro. Para as crianças mais novas, o ideal é dar uma quantia semanal porque ela ainda não tem noção de planejamento de longo prazo; um mês é um prazo longuíssimo para ela. Depois, conforme for crescendo, conforme for entrando na adolescência, devemos dar uma quantia mensal mesmo, para que aprenda a planejar-se. A quantia pode variar. Depende daquilo que está incluído na mesada. É preciso que haja um contrato muito bem definido entre os pais e a criança. O que vale e o que não vale comprar com aquele dinheiro. O lanche na escola está incluído ou não? O transporte para a escola? A recarga no celular, se o adolescente já tem um celular? O cinema? Enfim, é preciso fazer uma lista das principais atividades da criança ou do adolescente e decidir em quais o dinheiro da mesada pode ser empregado. Pode comprar roupa? De que tipo?CDs, DVDs? Só com a lista se pode chegar a um valor. Além disso, não podemos simplesmente dar a mesada na mão da criança e esquecer. Os pais devem orientar a criança, ajudá-la a poupar. Devem sugerir coisas como: "Será que você conseguiria comprar esse jogo que você quer se guardasse tanto por três meses?" Três meses é o máximo para as crianças, porque logo mudam de interesse e o dinheiro acaba servindo para outra coisa. Quando os pais sabem orientar os filhos, a mesada pode ser um excelente instrumento de educação financeira.
Pode-se oferecer um prêmio pelo mérito da criança? Por exemplo, dar uma bicicleta se passar de ano? Sem dúvida, um prêmio é algo muito bem-vindo. Mas é preciso ter limite, matizar bem o prêmio. É preciso tomar cuidado para não premiar a criança por algo que é um dos seus deveres. A obrigação da criança é estudar e passar de ano. Ao premiá-la por ter cumprido o seu dever, podemos estar criando pequenos mercenários em casa, que vão começar a cobrar para fazer tudo. É preciso tomar muito cuidado com isso. Obviamente, valem a pena um doce, um jantar fora para comemorar, essas coisas que, inclusive, congraçam a família em torno da conquista da criança. Mas cuidado com o tamanho do prêmio para não correr o risco de criar um pequeno mercenário em casa.
Qual a diferença entre o ter e o ser? Como ensiná-la aos filhos? O "ser" deve prevalecer sobre o "ter". "Ser" é realizar-se como pessoa, adquirir virtudes; pode ou não passar pelo "ter", que é periférico. Quantas famílias não vemos passar por desgraças econômicas e que, por isso, acabam mais unidas. É isso que distingue os verdadeiros homens e mulheres. E, pegando a deixa da última pergunta, quero dizer que é preciso ter uma visão crítica da nossa sociedade de consumo atual. Não somos obrigados a comprar nada. É bom ter isso em mente. Nós, os pais, podemos fugir das modas se quisermos. Distinguir o que precisamos daquilo que queremos. Uma pessoa que vive assim, com muito ou com pouco dinheiro, vai viver melhor com certeza. O coração do homem foi feito para coisas maiores do que os bens materiais. Estes são necessários, mas não podem tornar-se a meta de uma vida.

"Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão." (Salmos 127: 3)

Bjs, Kati.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Verbo

A maioria dos meus amigos já sabe que eu estudo teatro, sabe também que participo de um grupo de teatro amador, na igreja. Pois é, no próximo domingo, apresentaremos um peça de teatro, e quero te convidar a assistir.

O grupo de teatro O Verbo apresenta a peça O Novo Mandamento.
Dia 22 de novembro - 19:00. Rua das Grumixamas, 44 - Jabaquara - São Paulo.

Bjs, Kati.

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela." (João 1:1-5)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

She

Ufa, demorei, mas estou aqui novamente!
Dessa vez não estou postando um texto mas o que eu quero deixar pra vc é esse vídeo, espero que vc assita:

http://www.youtube.com/watch?v=7G1h9RuIPqk


Quando criança eu recebi um exemplo muito forte, palpável do amor de Deus, e foi através de uma mulher, minha avó, Yolanda. Ela tinha um amor tão doce e tão grande por mim, eu me sentia tão amada, e eu sentia nitidamente que todo aquele amor era só uma pequena amostra do amor que Deus tinha por mim, que Ele tem. Só o que eu posso te dizer é que esse mesmo amor Deus tem por você também.

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16)

Bjs, Kati.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pesado demais para carregar

Texto adaptado do livro Meditações Diárias para Casais.

"Você sabia que quanto mais tempo você carrega um rancor mais pesado ele se torna?"
Recusar-se a perdoar alguém pode ser um peso muito cansativo para a alma. Quando tomamos a iniciativa de perdoar, deixamos cair um enorme fardo, que simplesmente não precisamos carregar. Pode ser extraordinariamente aliviador livrar-se do peso de um rancor.
Como evitar carregar ressentimentos e ter um espírito amargo ao longo da vida? Perceber que não é nossa função julgar, ajuda bastante. Jesus disse: "Não julgueis para que não sejais julgados" (Mateus 7:1). Julgar, assim como vingar-se, é responsabilidade de Deus: "A mim pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor" (Romanos 12:19).
O rei Davi cometeu adultério com um mulher chamada Bate-Seba e depois mandou matar seu marido, quando percebeu seu erro ele disse a Deus: "Pequei contra ti, contra ti somente" (Salmos 51:4)
Deus fez as regras e as leis, Ele é o único juiz. Quando alguém ofende outra pessoa, está realmente ofendendo a Deus em primeiro lugar, então alivie-se da responsabilidade que só pertence a Ele.
Quando você deixa de julgar você também fica livre da responsabilidade de ter que punir. Perdoar não significa necessariamente esquecer-se imediatamente ou completamente, mas significa não abrigar um rancor que deseja punir, ou ver a pessoa punida.
"Não se ponha o sol sobre a vossa ira" (Efésios 4:26) O que você prefere: a angústia emotiva e momentânea de pedir que o outro perdoe a sua ira ou carregar o sentimento corrosivo da amargura por toda a vida? A escolha é sua.

Bjs, Kati.

"Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou." (Efésios 4:32)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O relato do nascimento do João

Fiquei sumida por causa da correria de sempre. Mas em compensação trago agora pra vcs, um texto enorme, dá pra ir lendo em partes, durante vários dias, rs.
É o relato do parto do João e a história que me levou até ele, que começou com o nascimento da Yolanda.
Só pra compartilhar um pouquinho mais do que está no meu coração com vcs.
Bjs, Kati.

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida." (Provérbios 4:23)




Como tudo começou

Uma vez a Rebeca escreveu na lista PartoNosso que o VBAC (Vaginal Birth After Cesarean) começa na mesa de cirurgia, na cesárea anterior, e eu concordo plenamente com ela. Foi exatamente isso o que aconteceu comigo, a Yolanda nasceu numa cesárea totalmente desnecessária, eu tive uma gravidez muito difícil, sem problemas de saúde, mas com muito mal-estar e principalmente uma depressão horrorosa que eu não esperava e não aceitava, afinal meu grande sonho sempre foi ser mãe, como eu podia estar com depressão no momento mais incrível da minha vida, a gravidez? Foi difícil, e apesar de no fim da gravidez eu já estar melhor da depressão, ainda não estava 100% bem e estava muito cansada com aquilo tudo, além disso tinha muitas dores no cóccix e nos quadris, o que me deixava totalmente sem posição, não conseguia ficar deitada por causa do peso da barriga, de lado ou sentada não agüentava as dores, então aquele final de gravidez era uma tortura e eu simplesmente não via a hora daquilo acabar. Quando fiz o último ultrasson com 37 semanas, o médico arranjou a desculpa pra me empurrar a cesárea, “A sua bebê é muito grande, você não vai conseguir tê-la de parto normal, quem mandou você engordar demais? Vamos marcar a cesárea?”. Eu nem questionei, simplesmente marquei a data.
Eu sempre quis ter um parto normal, minha mãe sempre disse que a recuperação era incomparavelmente melhor que a da cesárea, e eu sabia que era mais natural, mais saudável pra mim e pro bebê, mas a verdade é que eu tinha os meus medos, como toda mulher, e não agüentava mais aquela gravidez, quantas vezes me peguei pensando que queria que a Yolanda adiantasse, nascesse antes, à partir de 7 meses eu já pensava nisso, um absurdo! Coisas da depressão, eram pensamentos que fugiam do meu controle. O fato é que quando o médico arranjou uma desculpa pra cesárea eu me agarrei a ela, porque queria acabar logo com aquele sofrimento. Claro que eu podia ter questionado, como ele sabia que ela não nasceria por baixo? Podia ter dito que pelo menos esperaria entrar em trabalho de parto, eu sabia que isso era melhor. Mas não fiz nada, simplesmente peguei as lembrancinhas, arrumei as malas e no dia 13/08/2004, estava lá na maternidade, às 7:00.
Quando eu já estava anestesiada e amarrada e o médico chamou o Carlos pra ver a Yolanda nascer e eu fiquei sozinha atrás do campo cirúrgico, aquele pano azul horroroso, estava com os olhos quase fechando por causa da anestesia e olhando pro teto, aí caiu a minha ficha. Eu pensei “Meu Deus a minha filha está nascendo, agora minha vida nunca mais será a mesma, a partir desse momento eu serei mãe, e eu estou passando pelo momento de maior transformação da minha vida assim, amarrada e quase dormindo!” “Como eu vou saber que minha filha já nasceu, eu não estou vendo nem sentindo nada, preciso me manter acordada e prestar atenção ao chorinho dela, assim eu vou pelo menos saber que ela já nasceu!”. Eu fui privada de viver o rito de passagem pra essa nova fase da minha vida e minha filha estava sendo arrancada da casinha dela sem nenhum aviso e sem nenhum carinho também!
Foi assim que eu me dei conta do tamanho da besteira que permiti que fizessem comigo e com a minha filha, mas já não dava mais tempo de voltar atrás. A partir daquilo comecei a me cobrar muito, não cheguei a ter uma depressão pós-parto, mas aquele sentimento incomodava bastante era uma alegria imensa pela chegada da minha filha por toda aquela experiência maravilhosa e cansativa de ser mãe, mas também era uma dor por não ter vivido aquele momento tão especial e único, foi como se eu tivesse dormido grávida e acordado com a barriga oca, com a neném do lado de fora e era muito estranho ter perdido essa transição tão importante!
A partir daí eu já comecei a pensar que dá próxima vez eu faria diferente, não desistiria assim tão fácil, meu próximo filho tinha que nascer da maneira certa, mas eu não sabia por onde começar a mudar essa história.
Meses depois eu vi uma matéria num programa de televisão, falando sobre mulheres que tinham conseguido ter parto normal depois da cesárea e fiquei muito feliz de saber que o que eu queria era possível. Mais um tempo depois eu estava passando os canais da tv e vi um monte de gestantes em outro programa e resolvi prestar atenção. Eram as mulheres da Parto do Princípio, eu não consegui entender direito, peguei só o finalzinho da conversa, mas elas falavam que eram um grupo de apoio ao parto normal e passaram o nome do site. Eu guardei na cabeça mesmo e quando fui à casa da minha mãe (eu ainda estava sem computador em casa, traumas de uma ex-analista de sistemas, rs) visitei o site e comecei a procurar alguém que pudesse me ajudar, uma indicação de médico que fizesse partos normais em Santos, eu achava que isso já resolveria o meu problema, porque eu ainda não tinha certeza mas já desconfiava de que a minha cesárea não tinha sido realmente necessária.
Aí comecei a pesquisar, ler, encontrei as comunidades do orkut e fui “conhecendo” algumas pessoas, como a Ana Cris e a Melania, encontrei a Éllade pelo site da Parto do Princípio e mandei um e-mail pra ela, ela me disse que não conhecia nenhum médico em Santos porque tinha parido em São Paulo quando ainda morava lá, eu murchei, estava mandando vários e-mails procurando indicações, mas ninguém sabia me ajudar com isso especificamente. Aí a Éllade me contou que tinha parido em casa e eu achei aquilo o máximo, li o relato de parto dela e pensei “que coisa linda, eu adoraria viver isso” e perguntei se isso também era possível pra mim já que eu tinha cesárea anterior, ela me disse que sim e me passou vários relatos de VBAC, eu fiquei encantada com aquilo, aí perguntei sobre os profissionais, os preços, ela me respondeu tudo e me disse pra entrar nos grupos de discussão Materna_sp e PartoNosso. Eu entrei imediatamente, era junho de 2006, e aí os meus olhos se abriram, comecei a enxergar esse universo incrível do parto natural, da humanização do nascimento, descobri que hoje em dia ainda é possível parir em casa aqui no Brasil, me apaixonei!
Li sobre os riscos da anestesia, sobre como ela poderia desandar o TP (trabalho de parto) e como eu não queria correr risco nenhum de sofrer uma nova desneCesárea, decidi que não queria anestesia de jeito nenhum e então eu tive a certeza de que queria parir em casa, porque que melhor maneira de evitar a anestesia do que estando longe dela? Fora que a idéia de parir na paz da minha casa sempre foi encantadora pra mim.
Eu ia contando pro Carlos sobre as minhas descobertas e ele gostava, não chegava a ir pra internet pesquisar, mas confiava em mim. Aí um dia eu perguntei o que ele achava da idéia de ter o bebê em casa, eu sabia que ele não tentaria me impedir se eu tomasse mesmo essa decisão, mas queria saber o que ele achava, pensei que ele ficaria um pouco reticente à princípio mas tive uma ótima surpresa quando ele me respondeu: “Tudo bem, por que não?”. Adorei! Pensei comigo mesma, que beleza, nem vou ter que gastar tempo pra convencer meu marido, agora é só ir derrubando os meus próprios medos, desfazendo as dúvidas e fortalecer a minha decisão. E foi isso, engravidei em dezembro/2006 e todas as minhas dúvidas já estavam sanadas, a decisão já estava tomada, o nosso próximo filho nasceria em casa!

A gravidez

Fora todo o mal-estar básico do começo da gravidez, que foi até o quinto mês dessa vez, a minha gravidez correu muito tranqüila, sem nenhum problema. Eu engordei cerca de 30kgs no total, e lá pelo oitavo mês comecei a inchar, fiquei muito inchada no final, mas fora isso, tudo normal.
Comecei o pré-natal com um médico bonzinho lá de Santos, que era um amor e me deu muita atenção mas que com certeza não me faria um parto normal. Quando eu comecei a me consultar com ele, uns 6 meses antes de engravidar, perguntei o que ele achava de eu ter PN depois da cesárea, e ele me respondeu que não haveria nenhum problema desde que o meu trabalho de parto durasse no máximo 8 horas e que ele não poderia fazer indução por causa da cicatriz. Eu achei aquilo estranho, mas como ainda não sabia de nada fui me informar, e claro que eu descobri que aquilo era uma besteira enorme e que ele usaria isso como desculpa pra me fazer outra cesárea, então continuei com ele enquanto pensava e pesquisava sobre como evitar a cesárea.
Quando engravidei, e já sabia que o bebê nasceria em casa, nem falei nada sobre isso com ele, quando ele me perguntava se eu já tinha decidido em que hospital teria o bebê eu dizia que ia deixar pra decidir isso mais pra frente.
Em junho/2007 nós nos mudamos pra São Paulo, eu estava com 6 meses de gestação. Aí com uns 7 meses fiz minha primeira consulta com a Márcia Koiffman (parteira), passei os exames que tinha pra ela, conversamos, e ficou acertado que ela acompanharia o meu parto em casa. Ela mesma me indicou pra continuar o pré-natal com um médico de São Paulo, o Antônio Júlio, pra poder fazer os exames que precisasse pelo plano de saúde, e me disse que não haveria problemas em contar pra ele que o bebê nasceria em casa. O Antônio Júlio não faz parto domiciliar, mas tem realizado cada vez mais partos naturais hospitalares e respeita o trabalho das parteiras.
E foi assim mesmo, continuei o pré-natal com ele e na primeira consulta já disse que o bebê nasceria em casa com a Márcia, ele fez o que tinha que fazer e me atendeu bem, sem mimos, mas fez o que precisava direitinho e o melhor: não me perturbou, nem se espantou com a notícia de que o bebê nasceria em casa.
Com mais ou menos 36 semanas de gestação, eu comecei a ter cólicas quase todos os dias, mas elas não tinham uma regularidade. Isso era uma novidade, na gravidez da Yolanda eu não senti nada disso.
Na sexta-feira, 31/08/2007, eu estava com 39 semanas e acordei com a calcinha molhada, e molhou mais algumas vezes durante o dia. À noite, depois de um banho, eu senti direitinho quando me sentei e na mesma hora desceu aquela aguinha, não tinha cor nem cheiro nenhum. Avisei a Márcia e ela me disse o que eu já imaginava, devia ser uma ruptura alta na bolsa. No domingo, a aguinha que continuava saindo ficou rosa só de manhã, depois continuou transparente, no dia seguinte aconteceu a mesma coisa.
Na madrugada de segunda pra terça eu tive mais cólicas e durante o dia, na terça – 04/09, a aguinha que continuava saindo ficou rosa mesmo, era o tampão que estava começando a sair e eu tive mais cólicas durante o dia todo. Nesse dia eu tinha uma consulta marcada com o Antônio Júlio, estava muito inchada e cansada e não estava com vontade nenhuma de sair de casa, aí graças a Deus, a secretária dele me ligou desmarcando a consulta porque ele estava saindo pra atender a um parto. Achei ótimo, já estava começando a me arrumar pra sair, mas não precisei ir.
Na madrugada de terça pra quarta eu quase não consegui dormir. A Yolanda acordou várias vezes, parecia que estava adivinhando que a hora estava chegando, e eu tive mais cólicas a noite inteira e já estavam mais fortes. Durante o dia, na quarta, eu estava com muitas cólicas, o Carlos veio almoçar em casa e quando eu estava colocando as coisas na mesa percebi que toda hora tinha que parar, depois do almoço me sentei quietinha e resolvi verificar o intervalo das dores, que na verdade já eram contrações, e elas estavam de 10 em 10mins em média. Ehhh, agora vai! Foi o dia inteiro assim.

O parto

No dia seguinte, quinta-feira – 06/09 eu completava 40 semanas. Fui pra a cama tranqüila naquela noite, sabendo que ainda podia demorar pra o TP engrenar de vez.
Às 3:00 da madrugada eu me levantei pra ir ao banheiro e quando voltei pra a cama não consegui mais dormir, eu não contei as contrações, mas senti várias e fortes, quando já estava começando a cochilar senti um PLOC por dentro, fiquei pensando se aquilo podia ser o estouro da bolsa, e achei que não devia ser já que eu não senti nenhuma água descer, mas aí eu pensei que eu estava deitada e talvez por isso ainda não estivesse molhada, mas que se fosse mesmo a bolsa eu ia molhar a cama inteira e dei um pulo pra levantar, aí já não consegui me colocar em pé direito, fui meio agachada até o banheiro, o mais rápido que consegui, quando cheguei lá a água começou a correr pelas minhas pernas e eu confirmei a minha suspeita, a bolsa tinha estourado, eram 4:00.
Chamei o Carlos que veio me ajudar a limpar aquela molhadela, sentei no vaso e ficamos ali, depois que ele terminou de limpar tudo começamos a contar as contrações, os intervalos entre as contrações estavam variando entre 4 e 6 minutos. Eu aproveitei pra fazer as necessidades e esvaziar tudo, rs! A hora passou muito rápido e logo já eram quase 7:00.
Eu falei pro Carlos avisar a Márcia e ver o que ela dizia, quando ele explicou o quadro ela disse que já estava indo pra a nossa casa, então eu pedi pra ele avisar a minha mãe, que já estava há dias querendo vir pra casa, achando que o neto ia nascer antes dela chegar!
Eu fui pra a cama, o Carlos me deu alguma coisa pra comer e depois fiquei sentada sem saber se tentava deitar pra descansar um pouco ou não. A Márcia chegou um pouco depois das 8:00 e minha mãe chegou de Santos por volta das 9:30. A Márcia arrumou os travesseiros pra mim e eu fiquei recostada na cama, tentando cochilar um pouco entre as contrações, estava com muito sono porque acabei não dormindo nada a noite inteira. A Ivanilde (parteira) que veio auxiliar a Márcia chegou perto das 11:00. Pronto, o time estava completo!
As contrações chegaram a intervalos de 3 minutos, mas quando eu me reclinei na cama, o intervalo entre elas foi aumentando. Ficamos assim, eu encostada na cama e a Márcia sentadinha perto de mim anotando as contrações. Acho que era lá pelo meio da tarde quando a Márcia resolveu me fazer um toque, estava com 4,5 quase 5cm, ela não fez antes porque como a bolsa estava rompida não queria fazer muitos toques pra não correr o risco de causar uma infecção e eu também não estava fazendo nenhuma questão do toque, não estava preocupada com isso, queria que fosse rápido mas sabia que podia não ser e estava tranqüila com essa possibilidade.
Depois disso não sei que horas, eu me levantei e a Ivanilde me fez uma massagem nas costas numa contração, fui pro chuveiro e fiquei lá um bom tempo, depois voltei pra a cama. Eu não tinha muita noção do tempo, só sabia que ainda era dia, mas quando perguntava as horas pra alguém achava que o tempo estava passando muito rápido. Acho que foi depois de medir a dilatação que a Márcia me perguntou se eu ia querer entrar na banheira e eu disse que sim, durante a tarde o Carlos desmontou a mesa da sala e eles montaram e começaram a encher a banheira. Eu ficava bastante tempo no chuveiro e depois voltava pra a cama, sei lá, esse tempo passou muito rápido na minha percepção, mas eu não me lembro bem da ordem das coisas.
Já estava de noite quando a Márcia perguntou se eu queria ir pra a banheira, ela não tinha feito um novo toque e eu sabia que não devia entrar antes de pelo menos 6 ou 7cm, mas perguntei se ela achava que já podia e ela disse que sim, então eu resolvi entrar. Dentro da banheira as dores ficaram mais fortes (eu já estava na fase de transição, mas ainda não sabia), aí ficou chato porque eu não conseguia encontrar uma posição confortável, primeiro fiquei um tempo sentada, depois fiquei de quatro mas a água não cobria direito as minhas costas, lembro que dentro da banheira eu pensei: “Essa história de que parto natural é lindo é conversa, não tem nada de lindo nisso, tá doendo pra caramba!”, rs, eu pedi pro Carlos ficar jogando água nas minhas costas e ele e a Yolanda ficaram fazendo isso, ele também me massageava em todas as contrações, era o que tornava as dores mais suportáveis nessa fase.
Os intervalos entre as contrações aumentaram muito na água, chegaram a 8mins, eu quase cochilava nos intervalos porque estava muito cansada, mas como as dores estavam bem fortes eu fui ficando irritada com toda aquela demora, já estava começando a pensar que ainda ia demorar pra completar a dilatação e eu estava exausta. A Márcia me deu homeopatia o TP inteiro, hora pra amolecer o colo, hora pra regularizar as contrações. Quando eu estava na banheira ela veio me dar uma dessas homeopatias e eu disse pra ela que estava muito cansada, era quase um pedido de socorro, ela me disse pra não resistir à dor, pra me entregar e ir com ela. Eu nem consegui responder, mas fiquei pensando no que ela me disse, eu estava resistindo às dores, não conseguia entender como eu poderia relaxar mais, quando as dores vinham eu me encolhia, tensionava o corpo, eu não sabia como reagir de maneira diferente, mas pensando direitinho era uma forma de resistir à dor mesmo, deu tudo certo, mas eu acho que se tivesse aprendido a respirar e relaxar nas contrações o TP teria sido bem mais rápido e consequentemente menos cansativo.
Teve uma hora que a Márcia me pediu pra tirar a barriga da água pra ouvir o coração do bebê e eu não gostei nada porque a essa altura a dor estava muito desagradável e eu não queria me mexer, mas levantei, ela auscultou e estava tudo bem, eu voltei pra a água e fiquei de quatro mais um pouco, já estava irritada querendo sair da água pra fazer as contrações voltarem a ter ritmo, até que tomei coragem de me mexer e saí, já estava ficando toda enrugada, rs.
Depois que eu saí da banheira a Ivanilde mediu a dilatação, 8 cm, por isso que as dores estavam tão fortes, mas o colo estava duro, a Ivanilde me perguntou se eu queria que ela me desse uma injeção de Plazil que isso iria ajudar a amolecer o colo, eu não tinha intenção de aceitar essas pequenas intervenções, mas estava exausta e tudo o que eu queria era que o João nascesse logo então aceitei. Depois disso eu fui pro chuveiro, fiquei lá um pouco e depois andei um pouco pelo corredor, ou melhor, tentei, porque eu não estava conseguindo, o Carlos segurava as minhas mãos e ia andando comigo, mas eu estava quase caindo de tanto sono, nem conseguia ficar com os olhos abertos, desisti e voltei pra a sala. Aí a Márcia e a Ivanilde me disseram pra tentar dormir um pouco, eu disse que não queria, que queria ficar acordada, queria que ele nascesse logo, mas eu nem me agüentava em pé, queria andar, agachar, me movimentar, mas era impossível, acabei aceitando a sugestão e fui pra a cama, o Carlos foi comigo, quando as contrações vinham eu cutucava ele e ele me massageava e nos intervalos nós dois dormíamos um pouco. Acho que ficamos na cama por uma hora e meia, aí eu resolvi me levantar, estava um pouco mais disposta e pensei que ia agüentar um bom tempo , acho que foi nessa hora que eu comi um pouco de canja de galinha que minha mãe tinha feito, eu não queria ficar segurando prato nenhum por causa das contrações e minha mãe me deu a canja na boca, rs, eu também tomei um pouco de sorvete de flocos, mas logo o sono foi voltando e eu não conseguia abrir os olhos de novo por mais força que fizesse. Voltei pra a cama pra tentar dormir mais um pouco, mas aí as contrações, que estavam fortíssimas, emendaram uma na outra, a dor vinha, atingia o pico e quando começava a diminuir e eu pensava que ia parar, recomeçava, estava doendo muito e eu até gritei algumas vezes, o Carlos massageava, mas deitada não estava adiantando, a dor também estava diferente agora, eu comecei a sentir uma pressão por baixo, um incômodo, era até uma dor, a Ivanilde veio me massagear com óleo, mas não adiantou, logo eu me levantei pra fazer as dores voltarem a ter intervalo, graças a Deus funcionou, as contrações estavam bem mais fortes, mas agora tinha intervalos. Eu fui para o chuveiro e sentia vontade de fazer força nas contrações, perguntei pra Ivanilde se podia fazer, e ela disse que se eu sentisse vontade podia, mas eu estava com medo de não estar com dilatação completa e acabar causando um edema no colo do útero, fazia força, mas com medo.
Saí do chuveiro e a Ivanilde mediu de novo a dilatação, continuava 8 cm, mas agora o colo já estava molinho. Ela e a Márcia conversaram e ela me perguntou se eu queria que ela abrisse o resto do colo que faltava com a mão, que o colo estava molinho e se eu quisesse era possível fazer isso. A essa altura eu só queria que acabasse logo, estava exausta e aceitei. Eu me sentei no banquinho de cócoras, a Márcia sentada atrás de mim me segurando e antes que a Ivanilde começasse a abrir o colo, ela me perguntou se podia fazer uma oração. Ah, eu fiquei tão feliz, e disse que sim, era tudo o que eu queria naquele momento, estava exausta e tentava orar, mas eu estava na partolândia e não conseguia ordenar os pensamentos pra conversar com Deus. Ela fez uma oração curta, mas disse tudo o que eu estava tentando dizer e não conseguia, pediu pra Deus nos abençoar, agradeceu porque tudo estava bem e pediu pra que Deus me desse força pra conseguir trazer o meu bebê ao mundo, foi um momento maravilhoso! Em seguida ela me pediu pra fazer força nas contrações e abriu o colo, acho que foram umas 2 contrações, só ficou um pedacinho do lado esquerdo, ela me disse que eu estava com uns 9,5 quase 10cm de dilatação. Dizem que esse procedimento é extremamente doloroso, eu sinceramente não me lembro, deve ter doído, mas o cansaço com certeza era o que mais me incomodava. A essa altura eu já estava há umas 24 horas com a bolsa rota e a Márcia me deu uma injeção de antibiótico pra prevenir infecção.
Depois disso eu fui para o chuveiro de novo e aí sim comecei a fazer força sem medo, fiz muita força pra ajudar ele a descer, fiquei lá um bom tempo e a Ivanilde perguntou se eu não queria ir pra a sala, meu box é minúsculo e eu tentava me agachar pra fazer força durante as contrações mas era impossível.
O Carlos e a Yolanda estavam dormindo, minha mãe também tentou dormir, mas não conseguia e veio ficar comigo. Depois que a madrugada chegou eu disse várias vezes “Eu não agüento”, acho que as parteiras e minha mãe ficavam meio preocupadas com aquela frase, mas na partolândia a gente não diz coisa com coisa, eu estava exausta e o que eu queria dizer era que estava muito cansada, que não estava mais agüentando o cansaço, era um pedido de ajuda, mas ao mesmo tempo eu sabia que elas não podiam me ajudar e em nenhum momento pensei em desistir, nem estava desesperada com a dor, apesar de ela estar muito forte depois que eu entrei na transição, mas a parte mais difícil mesmo pra mim era o cansaço. Quando eu estava saindo do chuveiro essa última vez pra ir pra a sala, minha mãe estava tão angustiada de me ver naquele cansaço que me disse baixinho “Filha, se você quiser a gente vai pro hospital, não tem problema, a gente veste uma roupa em você e vamos.”, aí eu falei bem firme com ela “Mãe, eu vou fazer o que no hospital?” aí ela não disse mais nada, tadinha ela tava com o coração na mão, mas entendeu e respeitou a minha vontade.
Eu queria fazer força agora que a dilatação estava completa, queria que o João nascesse logo. Sentei no banquinho e minha mãe sentou atrás e ficou me apoiando, fiz bastante força, mas parecia que nada acontecia. O Carlos acordou e veio me ajudar, tentei outras posições, fiquei ajoelhada apoiada numa cadeira, fiz força e nessa hora a Ivanilde avisou a Márcia que ele estava coroando, fiquei muito feliz porque finalmente estava chegando a hora, mas as minhas pernas estavam muito inchadas e eu não estava agüentando ficar ajoelhada, meus joelhos doíam muito, então me levantei, o Carlos ficou me segurando por trás e quando vinha uma contração eu me agachava e fazia força, mas eu não estava conseguindo agachar direito, não encontrava espaço e ficava na ponta dos pés, a Márcia e a Ivanilde me diziam que eu precisava me agachar direito, apoiar os pés, mas eu não conseguia falar e explicar direitinho que não estava conseguindo espaço pra isso, o Carlos precisava ir mais pra trás, mas nessa hora não dá pra ficar explicando nada, então resolvi me sentar.
Acho que foi nessa hora que a Ivanilde perguntou se eu queria que acordassem a Yolanda, eu queria que ela visse o irmão nascer, mas achei melhor não chamar porque quando ela acorda antes da hora dela fica mal-humorada, mas parece que ela sentiu, acordou sozinha e veio para a sala esperar o João nascer, ficou sentadinha no sofá prestando atenção em tudo. Perfeito!
Pedi o banquinho de cócoras e sentei, o Carlos sentou numa cadeira atrás de mim pra me apoiar, a cabecinha do João já estava um tanto pra fora e quando eu me sentei ele subiu de novo, a Márcia me avisou e eu pensei “não acredito!”, comecei a fazer mais força ainda, fiz muita força, acho que a Márcia percebeu que ia lacerar e me perguntou se eu não queria ir me deitar na cama e ficar de lado, mas eu não conseguia me imaginar fazendo força deitada, e disse que não queria. Eu podia ter esperado mais um pouco, ele já estava saindo, mas eu queria que ele nascesse logo, até porque estava doendo bastante lá embaixo agora, ardia, queimava, sei lá, eu queria que ele saísse, eu dizia que estava doendo, e elas perguntavam se estava ardendo, “sei lá, tá doendo, tira ele daí” eu falei isso e eu mesma dei risada, elas também, claro que elas não iam fazer isso, aliás graças a Deus, acho que só disse isso porque sabia que elas não fariam (mas eu queria mesmo que elas arrancassem ele naquela hora, rs), se eu estivesse em um hospital com um médico qualquer, provavelmente teriam me feito um fórceps nessa hora!
Eu continuei fazendo força, a Ivanilde colocou um espelhinho na nossa frente pra a gente ver a cabecinha do João, o Carlos viu, eu também vi um pouquinho, mas depois desisti de olhar, eu queria me manter concentrada em fazer força. Nessa hora a Márcia disse que uma parte da cabecinha dele já estava pra fora e falou pra eu por a mão, eu não queria parar de fazer força, mas ela insistiu e eu pus a mão, que sensação maravilhosa! Lembro até hoje do toque, a cabeça molinha, o cabelinho melecado e todo bagunçadinho, que delícia, aquele toque me encheu de alegria, estava acontecendo, meu bebê estava nascendo! Meu ânimo e minha força se renovaram com isso e eu fiz mais força, a cabecinha saiu, mais força na próxima contração e o corpinho saiu inteiro, super rápido, a Márcia quase não conseguiu segurar direito, ele escorregou devagarzinho na mão dela e encostou a cabecinha no chão de leve, aí começou a chorar, muito alto e forte! A Márcia me disse que tinha uma circular de cordão no pescoço, que pena que minha mãe não tirou foto disso, ela estava com a máquina na mão, assistindo a tudo, mas ficou hipnotizada e parou de fotografar, rs!
Ele veio imediatamente pro meu colo, nessa hora a Yolanda veio do meu lado pra ver o irmãozinho. Isso foi uma das melhores coisas do parto, a Yolanda poder participar e ver o irmão nascer, lindo, como eu queria! Elas colocaram a touquinha na cabeça e cobriram ele com os cueiros. Perguntei que horas eram, 7:17 do dia 07 de setembro de 2007. Ele fez cocô logo que saiu da barriga e veio todo sujinho pro meu colo, logo que deitou na minha barriga eu senti uma coisa quentinha escorrendo, era ele fazendo xixi, rs! Incrível, um tempo antes de engravidar dele, eu tinha sonhado que paria meu bebê em casa e que quando davam pra mim, logo depois de nascer, eu via o pintinho do bebê levantando e fazendo xixi, pois é, aconteceu como eu sonhei! Eu pensava que meu menininho seria calminho por causa dos movimentos que ele fazia dentro da barriga que eram fortes mas muito suaves, mas ele era bravo, chorava muito forte, eu tentei fazer ele mamar, mas ele não quis, só chorava, eu conversava baixinho, fazia carinho, mas ele continuava berrando, rs!
Elas perguntaram se o Carlos ia cortar o cordão, ele disse que sim, esperamos parar de pulsar e elas deram o bisturi pra ele cortar. Depois disso, elas começaram a mexer na minha barriga e perguntaram se eu não queria fazer uma forcinha, eu disse que não, naquele momento eu só queria curtir meu bebê não queria fazer mais força nenhuma. Elas continuaram mexendo e eu perguntei “a placenta já está solta, se eu fizer força sai?”, elas disseram que sim, aí eu fiz mais uma forcinha e a placenta saiu de uma vez. Minha mãe pegou o João e foi mostrar com calma para a Yolanda, tirou umas fotos deles com ele no colo dela, muito lindos!
A Ivanilde me deu uma injeção de ocitocina pra ajudar a contrair o útero e mais uma injeção de antibiótico. Enquanto ele ainda estava no meu colo, elas me examinaram, tinha uma laceração. Eu fui para a cama e a Ivanilde examinou a laceração que era de 1. grau, só mucosa, não rasgou músculo (muito melhor que uma episiotomia), e fez a sutura com anestesia local, essa foi a parte mais chatinha. Enquanto ela estava me costurando o João começou a procurar o peito e minha mãe me trouxe ele pra mamar, que delícia, acho que tinha uns 20 minutos que ele tinha nascido, ficou um tempão pendurado. Depois elas pegaram o João pra pesar e medir: 3,750 kgs e 52 cm, cuidaram do umbigo e vestiram meu bebê enquanto eu tomava um lanchinho que minha mãe trouxe pra mim, nossa que fome!
O períneo ainda estava dolorido, meio ardido e inchado, elas colocaram gelo e a Ivanilde me deu uma injeção de Voltaren no braço pra aliviar a dorzinha dos pontos. No dia seguinte o períneo já estava bem desinchado e os pontos caíram alguns dias depois.
Depois todos voltaram pra a sala, pra esvaziar a banheira, guardar as coisas, arrumar a bagunça, rapidinho eles já tinham terminado, e a Márcia e a Ivanilde foram embora um pouco depois do almoço. A Márcia voltou várias vezes pra me avaliar, ver o peso do João e ajudar com a amamentação, fora as várias vezes em que ela me telefonou pra saber como nós estávamos, se o João estava mamando direitinho. Enfim, ela é ótima!
Pouco depois que elas foram embora eu me levantei pra tomar um banho porque estava um horror, o cabelo duro de tanto entrar e sair do chuveiro, suja, estava louca por um banho, rs. Enquanto isso minha mãe trocou os lençóis da minha cama. Nesse momento em que eu fiquei sozinha no chuveiro foi que parei pra pensar no que tinha acontecido. Eu nem conseguia acreditar, apesar de todo o cansaço, eu tinha parido o meu bebê como eu sempre quis, na paz da minha casa. Agradeci muito a Deus e chorei de alegria!
Após o banho nós dois ficamos um bom tempo na cama, o João mamando e eu tentando descansar um pouco. E depois, ainda durante a tarde, eu voltei pra a sala e tiramos algumas fotos da nossa nova família!

Agradecimentos

Tem muitas pessoas a quem eu preciso agradecer:

Éllade, Ana Cris, Melania, Ric Jones, Ana Paula Caldas e a todos que participam e enriquecem as discussões das listas Materna_sp e PartoNosso. Nenhum de vocês estava presente no meu parto, mas todos vocês foram essenciais pra que eu chegasse até ele. A sua disposição em informar é simplesmente louvável. Muito obrigada!

Márcia Koiffman, minha parteira querida, agradeço de coração por sua dedicação, carinho e paciência, parir com você foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Também à Ivanilde por ter vindo acompanhar e auxiliar a Márcia no meu parto, por ter sido tão atenciosa e carinhosa comigo e especialmente com a Yolanda, a sua presença fez muita diferença pra ela e ajudou-a a se sentir mais tranqüila naquele momento, obrigada!

Minha mãe que sempre me disse que o parto normal é melhor, eu acreditei e agora pude comprovar que isso é verdade! Muito obrigada também por estar presente, fazendo parte desse momento tão especial, me respeitando, ajudando e apoiando minhas decisões, e tudo isso com uma enorme alegria!

Ao meu querido marido Carlos, meu grande cúmplice, melhor amigo e companheiro, meu amor, por topar as minhas escolhas comigo e me apoiar. Muito obrigada por ter sido tão presente e participativo, atencioso e carinhoso no parto! Muito obrigada por tudo o que temos construído juntos e por me dar esses dois filhos lindos!

Deus, por criar algo tão perfeito, lindo e singular quanto a nossa capacidade de ser fêmeas, gestar, parir e amamentar um novo ser, uma nova vida, essa é uma das maiores dádivas que nós mulheres temos! Muito obrigada Deus, por me dar um corpo perfeito e saudável e uma gestação normal que pode ser concluída com um parto natural e lindo! E muito obrigada pela benção de ser a mãe dessas duas pessoas tão lindas, queridas e especiais: Yolanda e João Antônio, eles são com certeza, os melhores presentes que eu e o Carlos poderíamos receber nessa vida!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A paz indescritível

Eu queria saber ter as palavras certas pra alcançar o seu coração...
O amor que Deus tem por você é incomparável, Ele te ama muito mais do que a sua própria mãe, e tudo o que Ele quer é poder fazer parte da sua vida.
Outro dia eu estava vendo um filme, Antes do Amanhecer, muito bonitinho, uma história romântica e uma conversa franca sobre a vida, escolhas, casamento, etc., e pensando sobre toda aquela conversa, o que eu posso dizer é que sou uma pessoa igual a você e a todas as outras, cheia de sonhos, planos, desejos e dúvidas, a única diferença é que eu tenho uma paz indescritível no meu coração, mas essa paz não vem de mim mesma, ela foi adquirida e vem do fato de eu saber que não estou mais andando ao léu por essa vida, que tem alguém conduzindo os meus passos, e que mesmo quando eu faço as escolhas erradas e acabo dando com os burros n’água, esse alguém não desiste de mim e me traz de volta pra o lugar certo, pra a direção certa, Ele insiste em cuidar de mim, em me ensinar, me dar paz e o mais incrível, satisfazer os desejos do meu coração, nos mínimos detalhes.
A única coisa que eu precisei fazer pra ter essa paz, foi reconhecer que eu sozinha não sou capaz de fazer o melhor, nem as escolhas certas, então eu pedi que Deus fosse o senhor da minha vida, o dono, e cuidasse de mim, e é exatamente isso que Ele tem feito desde então, porque Ele é fiel e cumpre o que diz.
Deus é perfeito, um ser puro e sem defeitos, nós não somos assim e por isso estamos perdidos nesse mundo, vagando sem rumo, porque estamos longe dele e a única forma da gente encontrar paz e segurança é estando perto dele.
Ele já fez a parte dele pra que nós pudéssemos estar perto, ele criou uma ponte através de Jesus agora a gente só precisa reconhecer que precisa atravessar essa ponte e chegar perto dele pra poder ter paz enfim.
O que é preciso para atravessar essa ponte?
Depois que eu reconheci que não sabia pra onde ir e nem o que fazer, a única coisa que eu fiz, foi conversar com Deus, eu me lembro que me sentei perto da janela do meu quarto, ainda na casa dos meus pais, e falei pra Ele que eu não aguentava mais, que eu não sabia mais o que fazer, e que eu não queria mais viver assim, pedi pra Ele tomar conta da minha vida e disse que ia buscar aprender a vontade dele e obedecê-lo, e é isso que eu continuo fazendo até hoje, e está dando certo.
A bíblia é a palavra de Deus e lá está escrito que o salário do pecado é a morte. Essa morte é muito mais do que a morte física, significa a separação eterna de Deus, esse vazio imenso dentro de nós, essa falta de paz. Jesus que era puro, perfeito, morreu naquela cruz em nosso lugar, pra pagar o preço do nosso pecado, agora a nossa dívida está quitada, a ponte construída, mas ainda precisamos reconhecer isso e atravessar a ponte, aceitar que o sacrifício de Jesus é o único meio de estarmos junto de Deus. Jesus disse: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, e ninguém vem ao Pai senão por mim." (João 14:6), disse também: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." (João 10:10).
Chega de morte, chega da separação de Deus, da falta de paz, não precisamos mais viver assim. O que Jesus nos garante é vida em abundância e paz que excede todo o entendimento.
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:6-7).
Eu desejo, de todo o meu coração, que você também encontre essa paz, essa segurança, esse rumo certo pra a sua vida. Deus te abençoe!

Bjs, Kati.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Resposta

Vejo em seus olhos que há algo errado com o mundo que gira ao seu redor. Você não sabe o que é, e tenta fugir, tenta encontrar um porque, uma resposta, uma lugar, uma luz, tenta encontrar um momento de paz, você não quer viver por viver.
Também passei pelos meus maus momentos, e sei como é difícil enfrentar, ter que fingir andar, mesmo sabendo que não sabe aonde chegar, sendo jogado de um lado pro outro, um barco a deriva, sem leme, sem direção. Você não quer viver por viver.
Você precisa acreditar, não só de ouvir falar, mas provar desse amor que me fez acreditar que a gente pode ser feliz. A gente pode ser feliz.
Uma resposta, um lugar, uma luz, muito mais que um momento de paz. A vida é bem mais que os teus olhos podem ver.

(Música: A Resposta - Bene Maldonado e Marco Antonio - Banda Fruto Sagrado.)

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A mentirosa liberdade

Texto de Lya Luft - Escritora - Revista Veja.

"Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma - como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, do clube mais chique, de não ter feito a viagem certa, nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.
Na verdade estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome de "ter de". Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), cedo recorremos a expedientes, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha, e a alegria, de tanta tensão, nos escapa.
Preenchem-se fendas e falhas, manchas se removem, suspendem-se prazeres como sendo risco e extravagância, e nos ligamos no espelho: alguém por aí é mais eficiente, moderno, valorizado e belo que eu? Alguém mora num condomínio melhor que o meu? Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos. Sobretudo, sempre jovens. Nunca se pôde viver tanto tempo e com tão boa qualidade, mas no atual endeusamento da juventude, como se só jovens merecessem amor, vitórias e sucesso, carregamos mais um ônus pesadíssimo e cruel: temos de enganar o tempo, temos de aparentar 15 anos se temos 30, 40 anos se temos 60, e 50 se temos 80 anos de idade. A deusa juventude traz vantagens, mas eu não a quereria para sempre: talvez nela sejamos mais bonitos, quem sabe mais cheios de planos e possibilidades, mas sabemos discernir as coisas que divisamos, podemos optar com a mínima segurança, conseguimos olhar, analisar e curtir - ou nos falta o que vem depois: maturidade?
Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? Já transou? Nunca transou? Treze anos e ainda não ficou? E ainda não bebeu? Nem experimentou uma maconhazinha sequer? E um Viagra para melhorar ainda mais? Ainda aguenta os chatos dos pais? Saiba que eles o controlam sob o pretexto de que o amam. Sai dessa! Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?
Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa louca correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer, ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um bom aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social, nem ser uma linda mulher, nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de "deveres" impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada tem a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito."


Vcs não sabem como eu me senti mais leve quando consegui assumir pra mim mesma que eu não nasci pra ficar presa num escritório 8 horas por dia, que eu queria ser mãe em tempo integral e depois encontrar uma profissão que me desse horário flexível e realização pessoal e espiritual, quando eu decidi que dinheiro é bom mas não é o principal, quando eu entendi que sem estar perto de Deus nada na minha vida faria absolutamente nenhum sentido. Esse texto fala muito sobre coisas que estão dentro do meu coração, espero que tenha tocado o de vcs tb.
Bjs, Kati.

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32)

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6)

domingo, 20 de setembro de 2009

Do meu coração

Sempre pensei que eu nunca teria um blog, não gosto muito de escrever, quem me conhece sabe que meu negócio mesmo é falar, rs, mas Deus tem feito tantas coisas na minha vida, me ensinado tanto, e muitas vezes eu senti a necessidade de ter um espaço pra compartilhar essas coisas.
Portanto, depois de tanto fugir, resolvi parar de resistir e aqui estou, abrindo o meu blog, pra compartilhar as coisas do meu coração com vc. Espero que seja útil e que Deus te abençoe!

Bjs, Kati.

"O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca." (Lucas 6:45)